– A felicidade é a mais insidiosa das prisões
– Isso é doentio! Doentio, maldoso e errado! Quando você me expulsou, eu fui viver com um homem. E eu estava amando! Era feliz! Se era prisão, então, eu não me importo!
– Não? Seu amado vivia na penitenciária em que todos nós nascemos, era forçado a varrer os dejetos do mundo para se sustentar. Ele conheceu afeição e ternura por pouco tempo. Por fim, um dos outros prisioneiros o esfaqueou com um cutelo e ele se afogou no próprio sangue. E então, Evey? Essa felicidade vale mais do que a liberdade?
– Como você sabe? Como sabe o que aconteceu com Gordon?
– Não é uma história incomum, Evey. Muitos condenados têm fins miseráveis. Sua mãe. Seu pai. Seu amado. Todos condenados, curvados e deformados pela pequenez de suas celas, o peso de suas correntes, a injustiça de suas sentenças… Eu não joguei você numa prisão, Evey. Apenas mostrei as grades.
– Você está errado! A vida é assim! É o que a gente tem de suportar! É tudo que temos. O que te dá o direito de decidir se a vida é boa ou não?
– Você está na prisão, Evey. Nasceu na prisão. Esteve na prisão por tanto tempo que nem mesmo acredita que exista um mundo lá fora.
– Chega! Você é louco! Não quero ouvir mais!
– É porque tem medo, Evey. Você tem medo porque pode sentir a liberdade se acercando. Está com medo porque a liberdade é aterradora…
– Eu não sinto nada! Não tem nada pra sentir! Me deixa em paz!
– Não fuja, Evey. Parte de você compreende a verdade, ainda que a outra finja não ver. Este é o momento mais importante da sua vida! Não fuja dele.